Sobre mim

Nascida em Goiânia e criada no interior de Goiás, mais precisamente na minúscula cidade de São Francisco de Goiás eu tenho fortes vínculos com comida de verdade, ingredientes sendo colhidos a mão.
Passei boa parte da minha infância no quintal da casa da minha vó cheio de árvores frutíferas, na sua horta que até hoje tem as couves mais bonitas e saborosas da cidade.
No inicio da adolescência, me mudei para uma chácara praticamente dentro da cidade para que minha mãe tivesse um tratamento de cancer mais tranquilo. Apesar do momento difícil eu estava em contato direto com a natureza e isso me permitia ser feliz.
Nessa fase da minha vida não me lembro de ter muito interesse em cozinhar, e nem de valorizar que boa parte do que comia vinha ali da nossa terra mesmo. Nós criávamos tanto as vacas que nos forneciam leite, quanto as galinhas que nos forneciam ovos, porcos que nos forneciam gordura e também plantávamos boa parte das hortaliças que consumíamos.

Só passei realmente a valorizar todo esse privilégio que eu tinha quando me mudei para Santa Catarina para estudar gastronomia, só então percebi que boa parte do que eu consumia vinha de tão perto.

Durante os anos que cursei Química na Universidade Federal de Goiás eu ainda ia para Chácara quase todos os finais de semana e trazia os insumos para comer.
Foi durante minha primeira faculdade que despertei meu interesse em cozinhar, a principio por pura curiosidade, nem me passava pela cabeça que poderia ser minha verdadeira vocação.
Sempre que saiamos da faculdade e nos reuníamos para comer, era eu quem ia para cozinha e me arriscava. Fui aprendendo, pegando gosto e comecei a estudar mais sobre. Comecei a provar novos ingredientes, comprei meu primeiro livro sobre culinária, Nigella Express, que tenho até hoje, segue sendo uma inspiração, como foi também uma grande influencia no meu modo de cozinhar.
Ao fim do curso de química eu já sabia que aquela carreira não era para mim, e vi ali na minha paixão pela gastronomia uma oportunidade, resolvi então cursar gastronomia.

10/03/2014 – Primeiro dia de trabalho na casa de sushi

Eu via como um curso especifico e curto, então precisava cursar um dos melhores, por isso escolhi ir para Univali em Balneário Camboriú.
Dessa vez, já no primeiro mês do curso comecei a trabalhar, precisava ter certeza eu essa era a carreira que eu queria seguir.
Comecei em uma casa de sushi, só cuidando da fritadeira, fui crescendo dentro do restaurante, passei por todos os setores e vi que precisava ir além, aprender mais. Eu tinha grandes sonhos.

Consegui então uma vaga dentro do Felissimo Bistrô, lá fiquei na praça de garde manger e confeitaria, não era minha paixão. Algo dentro de mim me dizia que minha verdadeira paixão era em praça quente, fazendo massas, carnes, mexendo com fogo mesmo.
Ali não tive a oportunidade que buscava, então antes de sair para meu estágio me demiti.

Fui então para meu estágio, em San Francisco, na Califórnia em um dos melhores restaurantes do mundo, com 3 estrelas Michelin, o Benu.
No Benu passei até então uma das fases mais difíceis da minha vida.


A faculdade nem de longe havia me preparado para intensidade de um restaurante 3 estrelas com menu degustação. Eu não fazia ideia de como seria difícil, e me pegava por vezes pensando se não deveria ter feito como meus colegas de sala, e ficado no Brasil. Eu trabalhava de 10-14 horas por dia, com uma única refeição, sem nem entender para onde ia o que eu fazia. Nada é explicado, e mesmo que fosse eu não poderia dar detalhes porque quando se trabalha nesse tipo de restaurante você assina termo de confidencialidade.
Até o dia enfim que eu fui para o turno da tarde/noite e eu vi com meus olhos como o serviço funcionava, vi para onde ia as almôndegas que eram enroladas por mim em uma redonda perfeição, para serem cozidas no vapor e desmancharem. Vi ali com meus olhos tal qual a abertura da primeira temporada de Chef’s table na Netflix, a sincronia, harmonia, era um show.

10/09/2015 – Último dia do estágio no Benu servindo feijoada para toda equipe

Ali no Benu eu vi que fine dinning não era o caminho que eu queria seguir, mas queria seguir em restaurantes de excelência ali em San Francisco. O outro restaurante do grupo, o Monsieur Benjamim tinha vaga aberta, fui lá um dia, trabalhei para conhecer e me ofereceram a vaga com direito a visa e tudo.

04/11/2016 – Eu com chef Jason Berthold no meu último dia de trabalho no Monsieur Benjamin

Voltei então para o Brasil, arrumei a papelada e embarquei na minha mais nova jornada, que era um sonho se tornando realidade. Eu sempre quis morar nos Estados Unidos, e a oportunidade enfim chegou.
No Monsieur Benjamin aprendi boa parte do que sei hoje. Lá fui mentorada pelo Chef Jason Berthold que me ensinou muito, me permitiu aprender a fazer carnes com perfeição e não me proibiu de trabalhar em praças quentes porque eu era mulher como haviam feito no Brasil. Lá eu fui a primeira cozinheira em treinamento a passar por todas as praças da cozinha, tanto do jantar como do brunch em 8 meses.
Eu dei meu sangue no restaurante, trabalhei como nunca havia trabalhado antes, conheci pessoas incríveis e sai de lá após um ano enfim como uma Chef, e com uma proposta para ser sub chef.

Eu não me sentia pronta para o cargo naquele momento, queria aprender mais enquanto cozinheira de linha. Queria aprender mais sobre outras culinárias, especificamente queria aprender sobre a culinária italiana e espanhola. Então fui atrás dos restaurantes que mais me identifiquei, fiz testes e fui chamada para trabalhar em ambos.

Optei pelo Bellota, um dos melhores restaurantes de comida espanhola da Bay Area. Ali comecei minha jornada e amor pela culinária espanhola, continuei aprendendo cada dia mais. Aprendi pela primeira vez a fazer paellas, a trabalhar em um “churrasqueira” aberta no meio da cozinha até que poucos meses depois me chamaram para participar da abertura do novo restaurante do grupo. O Barcino, um restaurante especializados em tapas, mais precisamente tapas de Catalunha e eu aceitei. Vi como uma boa oportunidade participar da abertura de um restaurante, das dificuldades e os perrengues que fazem parte.

Foi uma experiencia única, desafiadora e enriquecedora. No Barcino aprendi sobre a parte de gerenciar o restaurante e que eu era boa nisso, não só em cozinhar. Com menos de 6 meses de restaurante me ofereceram a posição de sous Chef, que então eu aceitei. Não foi fácil, muito pelo contrário, foi muito difícil. É uma posição em que você já não cozinha mais, sua função é cuidar dos funcionários e certificar que tudo ocorresse bem. Fazer pedidos de insumos, listas de pré preparo, cobrir folgas…Fiquei no cargo por um ano, até o ponto que não aguentei mais já não fazer o que tanto amava, que era cozinhar.

Páscoa de 2018 durante serviço de brunch no Barcino, já como sous Chef

Nessa época já planejava voltar para o Brasil, naquele ano mesmo (2018), então decidi que precisava de um trabalho mais tranquilo, que me permitisse aproveitar mais meus últimos meses na Califórnia.
Fui então para outro restaurante do mesmo grupo para trabalhar como cozinheira de linha, o Comstock Saloon, que por coincidência foi um dos primeiros bares que conheci durante meu estágio no Benu. Era uma pegada mais descontraída, um bar com uma excelente cozinha, onde eu poderia aprender mais coisas novas. Entrei em um acordo com o Chef do restaurante, trabalharia como sous chef e ajudaria a estabelecer brunch aos finais de semana se eu pudesse trabalhar no bar, isso mesmo no bar, uma vez na semana. Queria aprender mais sobre a arte da mixologia.
E assim foram meus últimos meses em San Francisco.

Em Dezembro de 2018, após 4 anos, voltei ao Brasil de vez e estava exausta de trabalhar em restaurantes, precisava de uma folga, me sentir uma pessoa normal que tivesse um domingo de folga.

Fui então trabalhar com minha mãe, como gerente da produção da confecção, é que sou boa em colocar as pessoas para trabalharem, no final era muito parecido com ser sous chef.
Pasmem, aprendi até a costurar um pouco e por mais que fosse um trabalho totalmente fora do meu real objetivo eu aprendi muito e sobre um mundo novo. Hoje antes de comprar qualquer peça de roupa sei identificar as costuras e se foram bem feitas ou não.

Descarnando quarto bovino para produção dos nossos molhos

Estava então morando novamente na chácara, novamente colhendo o que e consumia e quis levar essa experiencia para mais pessoas. Meados de 2019 surge então a Fogaça Alimentos, onde eu vendia produtos e alimentos orgânicos da chácara.
Fazia molho pesto com o manjericão que plantávamos e colhíamos, molho bolonhesa usando carne dos animais que eram criados ali.

Veio então a pandemia em 2020, não podia mais levar nossos produtos para Goiânia para vender e por insistência do meu atual marido em junho comecei a fazer lives de receitas semanalmente no Instagram, começou então a despertar em mim uma coisa nova, a possibilidade de ensinar.
Fui resistente por muito tempo em manter constância, e ensinar pessoas a cozinharem, não porque não dominava o assunto, ou porque não queria que mais pessoas aprendessem, mas por que não via em mim a habilidade de ensinar. Segui teimando em mostrar meu potencial durante os meses restante de 2020 e parte de 2021.

Junho 2020 pós nossa 2a live
Maio 2021 com as novas embalagens

Em 2021 quis crescer a marca, então a Fogaça Alimentos vira Fogaça Lab.
Queria levar para mais pessoas o que aprendi nos meus anos na Califórnia, a valorizar o que é local, o que é sazonal, um cardápio que muda baseado no que temos.
Refizemos a logomarca, paleta de cores e tudo mais. Aumentamos o cardápio com uma maior variedade de massas frescas, de molhos e também nossos adorados cookies.
Comecei também a me dedicar a ensinar mais pessoas a cozinharem através de vídeos, fui aos poucos aprendendo sobre como gravar, editar, fotografar e escrever para ajudar o máximo de pessoas possível.
Surge então a vontade de ensinar mais e mais pessoas o que eu sei, ensinar que é possível fazer massa fresca em casa usando farinha de trigo comum. Uma coisa que só aprendi depois de muitos e muitos testes porque queria possibilitar a mais pessoas a chance de comer massa fresca, que é uma paixão minha.

Assim surge a idéia do curso As melhores massas e molhos em outubro de 2021, e que por fim saiu do papel e foi lançado para vocês em maio de 2022.

Você deve estar pensando, demorou hein. Mas é que nesses meses muita coisa aconteceu, tinha acabado de noivar com um casamento para organizar, também mudei de estado, sai de Goiânia e mudei para Jequié na Bahia. Além de que nos dias de lançar o curso, houve um problema de saúde familiar que abalou a situação. Mas estava determinada a lançar a qualquer custo esse curso, mesmo que faltasse menos de 1 mês para meu casamento.

Meses depois eu sabia que tinha muito mais a ensinar, que mesmo sendo uma paixão minha macarrão, não é de todo mundo. Surge então a idéia de ensinar ainda mais pessoas a como NUNCA mais comerem carne seca, eu já tinha ajudado milhares de pessoas com minhas salmouras no Instagram.
Só que eu tinha muito mais a oferecer e assim temos o e-book As melhores marinadas idealizado e colocado no mercado em menos de um mês.
Mais um produto do qual eu tenho muito orgulho e que todos os dias ajuda uma pessoa a fazer uma proteína suculenta e saborosa.

Por fim, chegamos aos dias atuais, novembro de 2022.
Prestes a lançar o mais novo curso Recebendo como uma Chef com intuito de te ensinar a receber em casa tal qual em um restaurante, mas sem toda trabalheira.
A jornada tem sido longa, trabalhosa e muito gratificante.
Me sinto honrada e realizada em poder ajudar pessoas diariamente através do meu conhecimento sobre um dos meus grandes amores que é cozinhar.

Essa é uma resumida biografia minha, que escrevi com muito carinho para você conhecer um pouco mais da minha jornada, como foi formada a Chef de cozinha Gabriela Fogaça.